O Instituto Brasil Orgânico promoveu um webinar com representantes de redes agroecológicas, de todas as regiões do país, para discutir “A importância das redes de agroecologia para produção e comercialização de alimentos orgânicos”. Em pouco mais de uma hora, os palestrantes mostraram como estão se organizando e montando arquitetura colaborativa para potencializar comercialmente as redes.
Karina David, da rede Ecovida de Agroecologia e diretora da região sul do Instituto Brasil Orgânico, começou com a afirmação que “o consumo é um ato político e comprar produtos de agricultura familiar e dos movimentos agroecológicos só apoiam o crescimento de demanda e da oportunidade de crescimento”.
Representando a região nordeste, Fabiola Ribeiro, da rede Povos da Mata, falou de segurança alimentar e da relevância do tema durante a pandemia do novo coronavírus e a preocupação das pessoas conhecerem de onde vem o alimento. “Saber que o produto agroecológico respeita a terra, a água, a semente, o cuidado com o alimento, passou a ser valorizado pelo canal de escoamento ao consumidor final, seja em vendas diretas ou feiras”, ressaltou.
Joed Melo, da Rede Maniva de Agroecologia na região norte, ressaltou que a pandemia resgatou a importância da agricultura agroecológica e as CSA´s, valorizando o alimento natural regional, que promove mais vitaminas e imunidade que a agricultura de grande escala.
Cristina Ribeiro, da ABIO e AARJ na região sudeste, destacou que o Rio vive um contexto difícil, com a ameaça de acabar com circuito carioca de feiras orgânicas, no momento que a população demanda alimentos saudáveis. A essência deve se manter – venda direta e a confiança do consumidor – por isso, as associações e redes de apoio – como ABIO – são essenciais para fortalecer o movimento agroecológico.
“Na pandemia, doamos dezenas de cestas com produtos de época para população de risco, mostramos nossa força. Mas sabemos que há uma necessidade de ter uma comunicação mais fluida e fortalecer as redes para enfrentar entraves governantes, legisladores e agentes da vigilância sanitária. Tudo é um grande aprendizado”, reforçou.
Representando a região centro-oeste, Dax falou sobre o trabalho da rede Pouso Alto de Agroecologia. Ele mostrou que a agricultura regenerativa do centro-oeste investiu na tecnologia e hoje consegue vender seus produtos por meio digital para vários mercados.
“A ferramenta Mercado Comum mapeia os produtores locais – antes pelo whatsapp e agora por site com georeferenciamento e dados completos. Hoje temos uma estrutura de logística e as parcerias foram consolidadas. O consumidor final também pode participar da ferramenta e comprar direto no site. O carro chefe são as cestas orgânicas, mas também tem óleo de pequi para gastronomia ou tapioca, por exemplo. O mais bacana é que estamos recebendo registro de semente crioula e isso é importante para o processo de manutenção da agricultura agroecológica, até com selo de qualidade regional para o futuro”, explicou.
De consenso, os representantes das redes agroecológicas acreditam que é preciso ter modelos de negócios inovadores e inclusivos para capitalizar os recursos regionais, usar a tecnologia para produzir e se articular para escoar os alimentos. “Aprendemos a viver de floresta, com agricultura regenerativa e usando ferramentas tecnológicas para otimizar os processos”, concluiu Dax.
O webinar “A importância das redes de agroecologia para produção e comercialização de alimentos orgânicos” pode ser conferido na íntegra, no canal do Instituto Brasil Orgânico no youtube.