O primeiro webinar realizado pelo Instituto Brasil Orgânico teve o tema “O papel da gastronomia para um mundo saudável e sustentável”. O evento foi realizado em apoio a XVI Campanha Anual de Promoção do Produto Orgânico.
O seminário virtual contou com a mediação da chef, apresentadora e vice-presidenta do Instituto, Bela Gil, que ressaltou a importância da mudança na relação que temos com os alimentos e com as cadeias produtivas. “Quando a gente pensa em consumir alimentos orgânicos, a gente não só deixa de ingerir veneno e protege a nossa saúde, nós também estamos protegendo a terra e a saúde do produtor”, afirmou.
Francine Xavier, gastrônoma, diretora da Instituto Comida do Amanhã e sócia do Cambucá Consultoria, apresentou o livro “Este não é (apenas) um livro de receitas”, que mostra, entre outras coisas, como chefs podem fazer a diferença no sistema alimentar. Em sua fala, Francine disse também que a Covid-19 mostrou a fragilidade do sistema alimentar brasileiro e a importância de se unirem forças para fomentar o setor de orgânicos e agroecológicos no Brasil. “Estamos vendo agora como o sistema é tão imperfeito e o tanto de externalidades vem causando, tanto para as pessoas, quanto para o planeta”.
Em sua apresentação, a coordenadora da CPORG-RJ, Flavia Brito, falou da experiência da articulação entre chefs e agricultores, o projeto AChA. Ela acredita na aproximação entre agricultores e consumidores para garantir o acesso a alimentos saudáveis e diminuir a desigualdade entre o campo e a cidade. “A soberania alimentar vem da agricultura familiar. Estes produtores são responsáveis por 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros, mas recebe apenas 14% do investimento do governo e ocupa 24% das terras, ao mesmo tempo em que emprega 70% da mão de obra no campo. A fome é uma questão política e não técnica. A agricultura familiar tem diversos problemas: é uma atividade de alto risco; o acesso microcrédito é muito difícil, para os agroecológicos mais ainda; e luta contra um abandono incrível, falta assistência técnica, logística e infraestrutura”, disse.
O agricultor familiar Flavio Lourenção, compartilhou a sua experiência a frente da produção orgânica. Para o produtor, a falta de tecnologias direcionadas para o setor é um grande obstáculo para a produção e a comercialização. Em relação ao futuro, ele ressalta que a imprevisibilidade climática e o aquecimento global demandam plantas mais adaptadas e o agricultor deve pensar nisso. “Muitas variedades vão desaparecer se não tivermos o cuidado de adaptá-las.”
A última apresentação ficou por conta do coordenador nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Humberto Palmeira, que abordou o tema “A contribuição dos camponeses e camponesas para a soberania alimentar.” Para ele, é possível produzir alimentos saudáveis e construir a soberania nacional do Brasil. “O alimento é o elo entre campo e a cidade. Para construir uma nova sociedade e um polo agroecológico, é preciso que a cidade venha junto com os camponeses. Esta aliança é única possibilidade para criar um novo projeto de Brasil”, disse.
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