Desde o “Manifesto Ecológico Brasileiro: o fim do futuro?”, de José Lutzenberger, publicado em 1976, no formato de jornal (tablóide) pela editora Lançamento, Porto Alegre, RS, que a questão ecológica e o futuro do planeta vêm se colocando, gradativamente, na agenda dos brasileiros e brasileiras. Começa então, no Brasil, o “explosivo” grito pela ecologia dos anos 1970, publicado em vários artigos do Lutz, no então Jornal da Tarde do Grupo Estado de São Paulo e liderado pelo jornalista Randau Marques, de grande repercussão entre os jovens ambientalistas da época!
Contrapondo Lutzenberger, fomos em busca do futuro, e nos deparamos com as pesquisas e artigos do prof. Paschoal, por meio do seu seminal livro “Pragas, praguicidas & a crise ambiental: problemas e soluções”, de 1979, publicado pela editora da FGV, Rio de Janeiro, cuja instituição também lhe agraciou com o conceituado prêmio IPÊS.
A partir dos trabalhos pioneiros do prof. Adilson Paschoal contra o uso de agrotóxicos, surge uma instância emblemática para situarmos o Brasil no movimento mundial ecológico e da agricultura orgânica. Desde então, brotam visibilidades de uma parte importante das pesquisas, trabalhos técnicos e serviços de extensão rural que começam a defender o Receituário Agronômico, uma grande vitória obtida pelas Assembleias Legislativas de vários Estados, inclusive em São Paulo, quando o então deputado estadual Walter Lazzarini Filho apresentou o projeto em 1983/1984. Os aperfeiçoamentos desse importante mecanismo de controle e uso indiscriminado de biocidas no Brasil muito se deveu às pesquisas e atuação do prof. Paschoal.
Adilson Paschoal nasceu em 8 de novembro de 1941, em Casa Branca, SP e formou-se engenheiro agrônomo em 1967 na Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiróz’, ESALQ, onde lecionou durante muitos anos. Foi um dos pioneiros, um verdadeiro desbravador, do movimento ecológico e da agricultura orgânica, no que se refere ao uso indiscriminado de agroquímicos colocados na natureza durante os processos agrícolas da modernização na agropecuária nacional. Suas ideias originais de ciência agrícola nos despertaram para outras agriculturas, as de bases ecológicas, entre elas os métodos orgânicos de produção.
Dois pontos foram amplamente reconhecidos e popularizados em sua extensa obra: a criação do termo agrotóxico, que não existia antes de Adilson e caracteriza extremamente bem a natureza perigosa desses insumos, e a demonstração, plena de estatísticas, do aumento de pragas resultante do uso dos agrotóxicos.
Fomos alertados para os efeitos colaterais do uso dos venenos agrícolas nos agroecossistemas, a partir dos conceitos emitidos e das denúncias, então cada vez mais presentes, por aqueles que previam uma realidade alarmante com o seu uso indiscriminado, e lamentavelmente utilizados largamente, ainda hoje, no agronegócio brasileiro. Ao invés de erradicar pragas e doenças, conforme prometido para minorar a fome, trazem um cenário catastrófico de destruição ambiental e da vida no planeta, bastante perturbador para a humanidade.
Somos profundamente agradecidos ao prof. Adilson Paschoal, que, com sua determinação, dignidade e sobretudo sabedoria nos despertou para novos significados das relações socioprodutivas moldadas na renovação das práticas sustentáveis adotadas, e também aos esclarecimentos emancipadores dos perigos e problemas ambientais que surgem do manejo das pragas e doenças com o uso exacerbado e preventivo de agrotóxicos.
Texto redigido coletivamente pela velha guarda da agricultura orgânica.
São Paulo, setembro de 2023.
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