Por Luciana Almeida/ONB
Com a pandemia de Covid-19, os produtores de orgânicos precisaram se reinventar rapidamente para escoar a produção e garantir o abastecimento em todo o país.
Neste cenário, as redes sociais se tornaram uma ferramenta essencial. Mas como utilizá-las adequadamente para divulgar e comercializar produtos orgânicos? A pergunta foi tema de webinar realizado pelo Instituto Brasil Orgânico no dia 17/06.
Alice Vargas, analista de marketing do Sebrae-BA, afirma que o primeiro passo para ser bem-sucedido nas redes sociais é manter o relacionamento com o cliente a partir da produção de conteúdo e saber que as vendas são resultado de um trabalho a longo prazo.
Segundo Vargas, os empreendedores devem ter interação social constante com os consumidores, divulgar suas redes para parceiros, lidar com pessoas sem um relacionamento formal e o produto precisa ser ofertado primeiro para depois ser comercializado.
O técnico em agropecuária e diretor da Região Nordeste do Instituto Brasil Orgânico, Valdecir Queiroz, explica que o consumidor ainda possui objeções para comprar orgânicos, como o preço mais alto, a falácia de que esses alimentos são “feios” e a falta de conhecimento sobre a produção. Ao mesmo tempo em que o setor carece de meios para apresentar os produtos e dinamizar o comércio.
“O pessoal sempre diz ‘Por que o produto orgânico é mais caro?’ Depende muito da onde o produto orgânico está chegando, da logística, de como você apresenta e do público que você vende esse produto. O orgânico não é feio, não é difícil de se fazer. O que precisa é ter meios de comercializar e apresentar melhor esses produtos”, disse.
“Os adjetivos que colocam no produto orgânico não é por que é difícil de fazer, mas é por falta de conhecimento. Nós sofremos muito na produção orgânica brasileira, quanto na apresentação, porque a dinâmica é algo que está nascendo e crescendo agora. As empresas, as instituições e os produtores começaram a ver que não é mais um nicho, mas um mercado crescente”, complementou.
A analista de marketing do Sebrae-BA afirma que o produtor deve investir em seis fatores para quebrar as objeções do consumidor:
- Mostrar o seu produto, humanizar todo o processo de produção até que o alimento chegue a mesa dos brasileiros, onde pode ser encontrado e qual a sua disponibilidade
- Quebrar os mitos sobre o preço e mostrar quais são os benefícios a longo prazo, para que o consumidor entenda que ele pode ter acesso a esse produto.
- Informar quais são os canais de venda dos produtos e ter clareza na comunicação
- Transferir a experiência da compra do físico para o online. O vídeo ajuda a mostrar o alimento e a estimular o desejo de consumir esse produto.
- Identificar os diferenciais e os benefícios do produto e saber quais são os públicos específicos para quem vender.
- Conte a história do seu produto, interagir com os seus consumidores e olhar para o contexto – ter consciência das particularidades da cidade, as preferências do consumidor, criar uma comunidade.
O coordenador Claudio Lyrio compartilhou a sua experiência na Estação Orgânica Grapiúna, na Bahia. Ele contou que a primeira experiência para desenvolver um comércio coletivo foi a criação de um grupo no Whatsapp, uma rede de contatos para divulgar a produção orgânica e criar uma relação com o público para vender orgânicos.
Através de uma plataforma online, o grupo divulga uma lista de produtos, a quantidade, o preço, qual a origem dos alimentos, qual a associação e o seu contato, para que o conectar o consumidor e o produtor.
O grupo inicial foi criado para conectar agricultores, assentamentos, associações e consumidores para a venda de cestas orgânicas. Com o crescimento da demanda, o grupo inaugurou a primeira feira de orgânicos em Itabuna.
Hoje, a Estação possui seis grupos no Whatsapp, divulga os produtos no Instagram, entrega cestas de alimentos, vende produtos na feira, tem uma relação estruturada com o consumidor e promove visitas nas propriedades dos agricultores.
“A entrega de cestas é uma forma de fidelizar o cliente. Nós construímos uma relação diferente, não é aquela pessoa que vai comprar o seu produto e vai embora. Temos uma relação social com ela, troca informações, nós consideramos ele um elo importante dentro do nosso processo de rede, consideramos um coprodutor e um parceiro na divulgação”, disse Lyrio.
Assista ao webinar na íntegra.